Após a Audiência Pública
realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na tarde desta terça-feira, 29
de maio, cerca de 50 famílias representando a comunidade da Ocupação Eliana Silva
decidiram por unanimidade permanecer no local, como forma de protesto ao
descaso do poder público com a grave situação em que se encontram após serem despejadas
pela Prefeitura no último dia 11 de maio.
Sem diálogo, sem moradia e sem solução!
Entre os três pontos que as
famílias mais exigem que sejam resolvidas está a cobrança de uma reunião com o
Prefeito Márcio Lacerda para debater uma proposta alternativa para solucionar a
situação das 350 famílias sem teto que fazem parte da Ocupação Eliana Silva. Porém,
os representantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
argumentam que o prefeito ignora completamente qualquer diálogo com o
movimento, não respondendo sequer ao ofício protocolado desde o mês de abril solicitando audiência com o prefeito. Segundo Leonardo Péricles, da coordenação nacional do MLB e um dos
líderes da ocupação “esse descaso reflete a falta de política de
moradia da prefeitura de BH, que não tem propostas para apresentar ás famílias
e aos movimentos sem teto na cidade. A única resposta da prefeitura é que se as
famílias quiserem casa devem aguardar na fila”.
Quem quiser casa tem que esperar 200 anos
Essa fila ao qual se refere os
representantes da prefeitura são os cadastros de 198 mil famílias inscritas no
programa Minha casa, Minha Vida e outros programas habitacionais que, segundo a
Urbel (Companhia Urbanizadora de Belo horizonte), que entregam anualmente 1 mil
moradias como forma de resolver o déficit habitacional na cidade. Mas todos os
movimentos de luta por moradia em BH contestam essa política, por considerarem
insuficientes, já que pelo cronograma da prefeitura as famílias terão que
esperar por 200 anos para terem suas moradias, se novas famílias não forem
incluídas nesses cadastros. O silêncio do prefeito demonstra a arrogância e o
desprezo pelos problemas das populações pobres de Belo Horizonte.
Outros problemas abordados na Audiência
Pública foram os pertences levados pela PM e pela prefeitura durante a retirada
truculenta das famílias do local onde se encontrava a ocupação. As famílias
reivindicam a devolução de seus pertences. O vereador Adriano ventura
encaminhará a solicitação junto à PBH para a devolução dos pertences. Além disso,
a ausência de vereadores na própria Audiência revela pouco interesse da maioria
dos parlamentares da Câmara Municipal em enfrentar o problema do déficit
habitacional e buscar soluções para os problemas da população de BH.
Violência policial é outro alvo de críticas
Por fim, as denúncias de abusos
e desrespeito aos direitos humanos por parte da Polícia Militar durante os 21
dias em que as famílias ficaram no acampamento da Ocupação Eliana Silva e
durante o cumprimento da ordem de despejo, realizada no dia 11 de maio, foram
alvo de intensas críticas por parte das lideranças e dos presentes na Câmara
Municipal. “A política do prefeito Márcio Lacerda é de criminalizar os
movimentos e as ocupações, tratando a luta pela moradia como caso de polícia e
não como um problema social”, reafirmou Leonardo Péricles.
Por volta das 21:50h, da
terça-feira, por decisão unânime , após vários apelos de alguns vereadores, as
famílias se retiraram do plenário e se dirigiram até a saída, afirmando a
continuidade da luta e exigindo soluções por parte da prefeitura.
Para mais informações e
contato:
E-mail: ocupacaoeliana@gmail.com
Tel.: (31) 9133-0983; (31)9189-7373; (31)9331-4477
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