Plenário lotado e intensa participação da comunidade e lutadores. |
Durante audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ontem, dia 05/09/2012, pela Comissão de Direitos Humanos, a Defensoria Pública Estadual e a seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) levantaram dúvidas sobre a posse do terreno onde atualmente vivem 370 famílias da ocupação Eliana Silva, no Barreiro, em Belo Horizonte. Na reunião, os deputados discutiram a situação dos moradores do local. O diretor de Habitação da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), José Flávio Gomes, afirmou que o terreno não pertence à Prefeitura da Capital.
O suposto proprietário, identificado apenas como
sr. Fernando, obteve na 33ª Vara Cível uma liminar com a determinação da
reintegração de posse do terreno, mas a defensora pública Flávia Marcelle
Morais disse que a documentação apresentada na ação não comprova que ele é o
verdadeiro dono do imóvel. Segundo ela, a área inicialmente pertencia à
Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) e foi repassada à iniciativa
privada para que no local fosse instalado um centro industrial. Porém nada foi
feito ao longo dos anos, o que configurou o não cumprimento da função social
da propriedade, disse a defensora.
Mesa da Audiência Pública sobre as famílias da Eliana Silva. |
Diante dessas informações, o deputado Sargento
Rodrigues (PDT) afirmou que a Assembleia tem condições de intermediar uma
negociação com o Governo do Estado para garantir o direito de posse definitiva
aos ocupantes do terreno. De acordo com o coordenador nacional do Movimento de
Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Leonardo Péricles Roque, os moradores
querem que a área seja desapropriada para integrar o programa Minha Casa, Minha
Vida, do Governo Federal.
Denúncia – Em 12 de maio deste ano, as famílias foram
desalojadas de um terreno próximo ao local onde estão instaladas atualmente.
Segundo denúncias dos participantes da reunião, a Polícia Militar agiu com
violência. O ouvidor de Polícia do Estado, Rodrigo Xavier da Silva, disse não
ter recebido denúncia, mas se comprometeu a apurar o caso.
Para o deputado Rogério
Correia (PT), que solicitou a realização da audiência pública, os conflitos
acontecem porque não há política habitacional em Belo Horizonte. “Ninguém ocupa
um terreno porque quer. Ninguém gosta de viver debaixo de uma lona, sem
condições mínimas de sobrevivência”, disse ele. O déficit habitacional em Belo
Horizonte, segundo o representante da prefeitura, chega a 62 mil moradias.
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